GENERAL MOURÃO FINGE QUE NÃO É NEGRO E FAZ PAPEL DE CAPITÃO DO MATO!
General Mourão tem nariz chato e cabelo carapinha |
Por: Walter Brito
Tenho um amigo, de longa data, que é neto do único marechal negro que o Brasil teve. Tanto ele como o seu pai, um saudoso general do Exército e também o seu saudoso avô marechal, sempre tiveram orgulho da etnia negra e assumiram publicamente suas condições como afrodescendentes.
Os 49 anos de caserna do general reformado Hamilton Mourão não foram suficientes para ele entender que seu cabelo carapinha e o nariz redondo e achatado são características da etnia negra em qualquer lugar do planeta Terra. Lá no país do Tio San, os EUA, por exemplo; caso o general Mourão se hospede em um hotel qualquer, em sua ficha de identificação estará escrito em letras garrafais: etnia negra e não índio como ele prefere ser reconhecido. O general afirmou recentemente que: “O Brasil herdou a cultura do privilégio dos ibéricos, a indolência dos indígenas e a malandragem dos africanos”.
Ele acrescenta ainda, em sua viagem fundamentada no seu vasto conhecimento étnico, que nasceu no Rio Grande do Sul, mas sua convivência por muitos anos com amazonenses e sua herança genética o fizeram se identificar com os indígenas, por isso ele é um índio! Veja bem, tanto no seu estado natal, como no Amazonas, estado do pai do general Mourão, existem negros como ele, mas que não falseiam suas origens étnicas! Alceu Colares, ex-governador do Rio Grande do Sul, que sempre se identificou como negão falador, foi meu colega na militância negra do PDT. No Amazonas, apesar da força indígena, existem resquícios de quilombos africanos em plena Praça 14, centro da capital manauara. Lá ajudei o atual governador a se eleger na eleição extemporânea de outubro passado, o popular negão Amazonino Mendes. Nunca ouvi o Amazonino dizer que é índio. Ele se apresenta como afrodescendente.
Jair Bolsonaro e Mourão querem controlar a oitava potência econômica mundo |
Após a declaração inusitada do general filiado ao PRTB de meu amigo Levy Fidélix, as palavras de Mourão, pré-candidato a vice-presidente da República, não agradaram a ninguém; eu e o neto do marechal afrodescendente ficamos indignados, como também ficou parte significativa dos brasileiros: brancos, amarelos, indígenas e negros, que têm consciência de que a raça humana é uma só! Lembramos que cada etnia tem suas características e o racismo impera forte nos quatro cantos do mundo. Muitas vezes o negro de pele mais clara faz o papel de capitão do mato como nos velhos tempos da escravidão, por falta de consciência e imposição do sistema que domina, ao seu modo, os meios de comunicação!
Com o advento das redes sociais, a comunicação fica mais democrática e esclarecedora, e o general Mourão poderá ler, no seu próprio celular, que ele se esqueceu de um detalhe importante: em todas as etnias existem bons e maus seres humanos; em todas elas há indolentes e malandros, e existem também em todas as etnias os inteligentes e menos inteligentes, esclarecidos e não esclarecidos. O general poderá também saber que na nossa constituição existe a Lei 7716, criada pelo meu colega jornalista e ex-deputado federal, o saudoso Carlos Alberto de Oliveira - CAÓ. Esta lei coíbe os crimes de racismo em nosso país.
Vale lembrar, ainda, que o artigo 20 da Lei 7716/89 diz o seguinte: “Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional é crime. Pena: reclusão de um a três anos e multa.
Segundo o Jornal Estado de São Paulo e o site UOL, os veículos disseram que a ONG – Educação e Cidadania Afrodescendente (Educafro), pediu ao Ministério Público do Rio Grande do Sul, na tarde de sexta-feira (10), a abertura de investigação por crime de racismo contra o general da reserva Hamilton Mourão, por sua afirmativa infeliz.
Apesar de as 35 embaixadas africanas acreditadas em Brasília não se manifestarem sobre o assunto, por causa da impossibilidade de interferência nas questões internas de nosso país, ainda assim, diversos diplomatas ficaram indignados com a posição do general. Já o ator Jorge Coutinho, 84 anos, presidente do Sindicato dos Artistas do Rio de Janeiro – Sated e conhecido militante da causa negra, se manifestou e disse: “Nós representamos 54% da população brasileira e não temos nenhum representante de peso na administração pública. Apenas Joaquim Barbosa passou pelo poder e deixou sua marca. Fica ruim para nós quando aparece um negão general e se apresenta como índio, que pena! Acho que o Mourão deveria ir para a televisão se explicar: pedir desculpas aos indígenas e principalmente aos afrodescendentes”, disse Coutinho.
Jorge Coutinho participou de diversas novelas na Globo e Bicho do Mato na Record |
Pelas palavras de Jorge Coutinho, percebe-se a indignação contra a declaração inadequada e provocativa do general Mourão, que desagradou a gregos e troianos, por isso é provável que a desconstrução de Jair Bolsonaro, que lidera as pesquisas para presidente do Brasil, comece a ser feita pelo seu próprio companheiro de chapa, pois suas palavras são fortes e indefensáveis. Acreditamos que ninguém vai votar em quem faz chacota com 54% de nossa população. O general afrodescendente deve desculpas sim aos país, mesmo contribuindo com a derrocada de Bolsonaro, dono do mesmo perfil de seu companheiro de chapa e que nunca teve a simpatia da comunidade negra de nosso país. Fica patente que o cadafalso será o caminho natural da dupla, que se eleita faria mandato desastroso, uma vez que nenhum dos dois indica ter o preparo para o exercício dos cargos que pleiteiam.
Jorge Coutinho ao lado de Ruth de Souza. Ele diz que Mourão tem que pedir desculpa ao Brasil |
A indignação com a dupla é dos brasileiros que acompanham com atenção o desenvolvimento do país e está entre os 70% que ainda não definiram o seu voto. O mesmo pensamento é compartilhado por estrangeiros que têm discernimento sobre o desastre para o mundo, que poderá ser uma possível administração sem comando, tendo a dupla de militares populistas à frente e no controle total e absoluto da oitava potência econômica do mundo!
Contato: institutocristal@gmail.com
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