O homem e o sonho

Fábio e o pai, Batista Custódio

DIÁRIO DA MANHÃ
ULISSES AESSE

Como se a cimitarra tocasse em um solo de jasmim. E num cone de lembranças os gestos fugissem da imaginação e da memória tomadas pelos dias que se vão seguidos, um a um, em continência e, também, na contingência do calendário. 
Assim é a vida de quem olha com os olhos e enxerga com a alma. Não há por que pensar o contrário nessa vida de Deus. 
Somos e seremos o que sentimos e nos trocamos uns aos outros. Seja num sorriso, seja numa dor. Assim é e assim sempre será esse nosso mundo. 
Para o mujique Charles Darwin, um punhado de teorias evolutivas. Para o barbudo comunista Karl Marx, um punhado de teorias dialéticas. Para outros estudiosos, um punhado de conceitos embasados em estudos e mais estudos. A vida é, de fato, um grande estudo. Um estudo, uma resenha de si mesmo naquilo que acreditamos ser o mais importante de nós mesmos.
Quem caminha nessa vida sabe bem o peso de carregar o corpo e se o carrega, no sonho, sabe o tamanho do bem que se pode fazer a si mesmo. 
Dado o primeiro 
passo, ir além, 
somente além, tão além, que além, algum dia, ficará para trás
A vida é assim e assim será.
Há anos, eu, Fábio Nasser, PX Silveira, Edilberto e Marcelo de Castro andávamos juntos na leve e ‘dura’ missão de descobrir o mundo com um olhar de adolescente detido no tempo dos que começaram a caminhada sem saber ao certo onde iriam chegar. 
Na caminhada, dado o primeiro passo, ir além, somente além, tão além, que além, algum dia, ficará para trás. E foi assim e assim está sendo até hoje. Não parar para não parar para nunca parar, já que os passos nos levam aonde não queremos, mas nos levam, também, aonde devemos estar. E vamos estar.
Hoje, anos depois, traçados os destinos, cada um de nós segue seu caminho. Fábio, já falecido, no plano celestial. PX Silveira, na sua lida de ativista e ainda ‘tocador de flauta cultural’ dos que, sensatos, produzem seus cantos e encantos. Edilberto, grande advogado, talhado para as normas, as leis, como o irmão, Marcelo de Castro, também, versado no direito da informação e da sua liberdade. Eu, no meu canto de quem sopra o mundo como se fosse uma pequena nuvem de boizinhos no céu.
Fábio, antes de partir, era como o pai, o editor-geral do Diário da Manhã, Batista Custódio, aquele que fundou o jornal Cinco de Março, um apaixonado pelo jornalismo. Fábio tinha no Diário o sangue fluindo em suas veias de um idealismo tão puro que chamava para si o sonho da liberdade, da informação livre, de asas e, também, da opinião. 
Aprendeu com o pai o sacerdócio do ‘livre pensar é só pensar’, uma máxima haicaniana de Millôr Fernandes. Fábio sofreu com Batista quando seu Diário da Manhã foi fechado, num início de onde se começou a dor de levar o sonho ao nocaute e a fazê-lo virar pesadelo na vida daqueles que deviam e teriam o dever de dizer o que pensam e pensar para aqueles que somente dizem. 
A advertência pode servir a quem se julga apto a tirar Batista 
de sua trajetória já 
intuída, pensada...
Batista Custódio, velho timoneiro do Diário da Manhã, sofre e tem sofrido para fazer o que mais gosta de fazer: o seu jornalismo, de ‘asas’, independente, real, idealista, utópico, verdadeiro, participativo. Tem sofrido com a incompreensão dos que se julgam acima de suas ideias, mas não apresentam sequer ‘uinha’ ou quando apresentam milhões, milhões que não valem uma. 
São estes que chegam para ditar normas, que sequer conhecem, mas que chegam com a autoridade hasteada numa bandeira em mastro de papel. Para estes, Fábio diz ao pai, em mensagem psicografada pela médium Mary Alves, do centro espírita Obras Sociais Mãos Unidas, recebida no último dia 25: 
— Acontece, meu pai, que as pessoas que o cercam precisam compreender a sua maneira de ver o mundo e a sua sabedoria em administrar o exaustivo dia a dia — diz Fábio Nasser.
A advertência pode servir a quem se julga apto a tirar Batista Custódio de sua trajetória já intuida, pensada e organizada de um jornalista de ideais e de liberdade plena. E atrapalhá-lo em seu desígnio desiderato e acordado com as forças maiores.
Fábio, também, lembra dos dias tumultuados de um tempo em que as coisas se sucedem numa velocidade que nem percebemos o encurtar dos dias. E diz ao pai, advertindo-o para o cansaço das rotinas, exaustivas, do dia a dia.
Fábio Nasser confia no pai, que não tem tomado nenhuma ação que não seja medida: 
— O seu coração reconhece que não poderá tomar atitudes impensadas, mesmo que o cansaço esteja tão visível. Opiniões existem para serem discutidas, mas a sabedoria se faz em acatar o bem maior — afirma ele em sua mensagem psicografada.
E não é que o bom senso parte desse princípio, mas hoje é preciso discutir, antes de tudo, o ‘efeito manada’, dos que se acham gênios sem suas lâmpadas de cristais e luzes, mas num clarão que se apaga num piscar dos olhos.
Batista é, sem dúvida, um homem diferenciado. Vivo em seu tempo. Carrega as dores de quem viu a alegria se derramar à sua frente por várias vezes, mas não se deixou ser enganado por ela. A sua luta por um jornalismo sério é impar, impiedosa. Há algum tempo, já vaticinava em seu jornal, um dia chegou a me confidenciar isso, numa longa conversa matinal, antes de qualquer resultado e no estertor da crise vivida por Marconi, que a denúncia contra o governador era uma ardilosa armação para prejudicá-lo. E hoje se confirma isso com decisão do Ministério Público Estadual, que o inocenta de qualquer vínculo com Carlos Cachoeira. 
A operação Monte Carlo, a mesma 
que quis pegar o 
governador Marconi Perillo para ‘Cristo’
Acompanho Batista há mais de 25 anos. E vejo em seu silêncio, palavras. E vejo, às vezes em suas palavras, um silêncio profundo de quem vê à frente de seu tempo os escaninhos que virão um dia para se transformar em realidade. Foi assim, quando me confidenciou outras previsões (a tragédia que se consumou em Angra dos Reis e, tempos depois, em Manhattan, nos EUA, (numa inundação cinematográfica) e que se transformaram para sempre em fatos reais. A Operação Monte Carlo, a mesma que quis pegar o governador Marconi Perillo para ‘Cristo’, a fim de crucificá-lo num sistema sujo e maledicente do jogo do poder, me foi alertada por ele antes, bem antes de sua deflagração, e, de seus intestinos podres.
Batista Custódio mantém seu Diário da Manhã num grande sonho de liberdade, às vezes incompreendido pelos que se jogam contra ele numa investida cega, muda, contra a própria liberdade dos que têm opinião.
É comum vê-lo fitando no infinito, como se numa ligação inexorável com Deus. Ali, se alimenta para partir brutalmente contra os que tentam impedir a sua caminhada célere da liberdade.
Em uma de suas cartas, psicografada pela médium Mary Alves, no dia 11 de novembro, Fábio Nasser o asseverava: 
— Realmente o senhor precisa compreender que não pode esperar tanto de todos que o cercam — escreveu Fábio.
E isso Batista tem sentido muito. Não são todos que compreendem a sua luta. A enxerga como se ignorasse a sua própria luta. E a desdenha como pobres mortais sem rastros na história, convictos de que a gargalhada é a sentença final, longe de pensarem de que um dia morrerão com as suas próprias galhofas.
É comum vê-lo, Batista, totalmente imiscuido no tempo. Atolado até a alma nos seus apontamentos de editor, no seu faro de repórter, no seu tino de empresário, no seu sonho de sonhador. Vê-lo ali é como se visse um jovem carregando na ‘mochila hippie’ o sonho da estrada da alma, onde os passos se dão numa conquista de contentamentos. Colhendo o doce fruto da semente plantada no coração dos outros.
São mortais que se vão num fechar de olhos e sequer serão vírgula na história desse jornalismo
Mas há os revezes em sua vida de sonhador, como, sempre, a falta de recursos financeiros tão comuns às empresas; há aqueles que amanhecem no jornal para depois, dias, meses, anos depois, partirem para serem levados numa aventura de quem chegou para pilhar e sugar Batista de seus sonhos. São mortais que se vão num fechar de olhos e sequer serão vírgula na história desse jornalismo que faz tudo para ser totalmente independente. E independente dos que jogam suas ‘guinés’ contra essa muralha da imprensa compromissada, enviezada com seu tempo.
Batista briga contra aqueles que acham que a vida é apenas um passeio pelo umbigo, uma volta perdida e fincada na briga pelo ego. Tanto que o próprio Fábio, na mesma carta psicografada, na noite do dia 25, afirma: 
— Por isso é tão necessário que caminhe um pouco mais, senão a luta de toda uma vida terá sido em vão. E não é isso o que o espera. Acomode ‘egos’ em seus devidos lugares.
Mesmo com sinais de cansaço físico, provenientes dos dias exaustos, Batista continua com a energia de uma criança. Chega cedo à Redação e vai embora quando o ‘dia noticioso’ se terminou para romper um novo dia, igualmente, noticioso. Vai para além de suas forças e quando indagado sobre o cansaço, o desdenha como se não houvesse vivido o dia em questão, nem suado os problemas do dia.
Vai além com seus sonhos e com as sementes que ainda carrega guardadas nos sulcos dos dedos, nos desenhos da mão e as joga onde, quem sabe, um dia erguerá a verdadeira consciência dos que vaticinam não para matar a realidade, mas para dar vida a um futuro que virá como flor ramada no chão.
Fábio diz em sua mensagem: 
— A luta será sempre nossa.
E há anos Batista vem travando essa batalha contra os heróis de barros, ombreando com os talentos humanistas de Victor Hugo, de Leon Tolstói, de Dostoiévski e recebendo apoio espiritual de Alfredo Nasser, o grande tribuno Alfredo Nasser.
Batista apanhou 
a história com 
as próprias mãos 
ao analisar 
certeiramente todo 
o processo político...
Em seu último artigo ‘A vida manda-me dizer’, Batista apanhou a história com as próprias mãos ao analisar certeiramente todo o processo político, de antanho, que nos legou aquilo que batizamos de ‘humanidade’ ao tempos atuais, onde em Goiás se digladiavam Iris Rezende e Marconi; também, no Brasil, Dilma e Aécio Neves.
Nas oito páginas, conselhos e passagens históricas de tempos antigos, imemoriais, aos tempos em que os homens se se dignam apenas por seus negócios e negociatas na politiquice. 
Há nesse folheto toda uma história contida e contada com a inteligência de quem, com certeza, passou por estes tempos, encarnado em vários personagens, que um dia foram ao Olimpo de suas épocas.
Num contato com este jornalista, em carta psicografada há cerca de um ano, na dúvida de vários assuntos, Fábio chegou a me advertir sobre a necessidade de se correr de volta para o futuro  que estava à minha frente com os braços abertos para o presente dos dias. Tudo isso a fim de dirimir minhas dúvidas e fortalecê-las com as convicções. 
Fábio Nasser lembra, na carta do dia 25, a esse amigo terráqueo dos passos dados aqui nesse solo bruto de humanos e humanas, humanos e humanas estes tão carentes de Deus, que se viram contra o próprio Deus num tamanho desdém que chega a nos assustar num arco-íris de sombras, que nos chega a levar às trevas do pensamento. Fábio afirma: 
Não há como negar sua vocação para se agigantar no elo que faz da verdade uma pedra, senão uma rocha
— Ulisses, meu amigo, obrigado por sua saudade. Ela me faz muito bem.
E Fábio Nasser deixa escapar a minha preocupação pensada no silêncio de uma conversa comigo mesmo: 
— E sei que me pergunta se de fato existe essa evolução de almas, pois você não me reconhece no companheiro de outrora. Amigo, a vida aqui é tão intensa e tão urgente que precisamos nos render às transformações, e elas surgem ávidas, reclamando um tempo perdido.
E descreve o pai como um garoto que, também, como nós, necessita de carinho. Mas não há como seguir este conselho, Fábio, já que Batista é grande na sua missão de preparar o jornalismo para um futuro mais povoado de uma criticidade e de uma independência de produzir uma verdade absoluta numa realidade relativa. Não há como negar sua vocação para se agigantar no elo que faz da verdade uma pedra, senão uma rocha, acolhida na terra com o verde a acariciar suas costas, as costas dos homens, no tapete de relvas. 
E não há como negar seu perfeccionismo que o levará a escrever nas páginas de 
sucesso da história...
Tão distante, mas tão próxima que se perde entre os nossos dois olhos. E dessa pedra bruta, Batista lapida pacientemente dando-lhe o polimento necessário para fazer sua obra brilhar e luziluzir para as gerações saberem como se constrói a liberdade e como se pugna por um jornalismo independente, amplificado em seu tempo.
E não há como negar seu vício pelo perfeccionismo que o levará a escrever nas páginas de sucesso da história toda a sua luta, começando pelo Cinco de Março e mantendo-se no Diário da Manhã, como o antídoto contra o fracasso dos que querem vê-lo longe das letras da liberdade.
íntegra da mensagem psicografada pela médium Mary Alves, no dia 25/11/14, na Obras Sociais do Grupo Espírita Mãos Unidas, na Rua JDA-04, Qd.19, Lt.04, Jardim das Aroeiras, Goiânia-GO. Fone: 3208-5695

A mensagem

Meu pai, abençoe-me.
Nossos corações no amor de sempre.
Realmente precisaria abraçá-lo bem próximo a mim para fazer cessar a sua dor e o seu cansaço.
Os dias estão tumultuados e compreendemos o seu cansaço.
Acontece, meu pai, que as pessoas que o cercam precisam compreender a sua maneira de ver o mundo e a sua sabedoria em administrar o exaustivo dia a dia.
O seu coração reconhece que não poderá tomar atitudes impensadas, mesmo que o cansaço esteja tão visível.
Opiniões existem para serem discutidas, mas a sabedoria se faz em acatar o bem maior.
Por isso é tão necessário que caminhe um pouco mais, senão a luta de toda uma vida terá sido em vão.
E não é isso o que o espera.
Acomode "egos" em seus devidos lugares.
Estaremos juntos.
A luta será sempre nossa.
Ulisses, meu amigo, obrigado por sua saudade. Ela me faz muito bem. Realmente tivemos muitas passagens, episódios bem interessantes. E sei que me pergunta se de fato existe essa evolução de almas, pois você não me reconhece no companheiro de outrora. Amigo, a vida aqui é tão intensa e tão urgente que precisamos nos render às transformações, e elas surgem ávidas, reclamando um tempo perdido... Mas não se preocupe: quando abarcar desse lado de cá, seu velho amigo estará te esperando para ajudá-lo a transpor o limiar das duas vidas. Teremos muito a conversar. Mas gostaria muito de agradecer a sua lealdade para com o chefe. Cuide dele, mano. Olhe por ele. Esse gigante que você vê, às vezes é um garoto muito carente até de um abraço. Deus o abençoe.
Meu pai, estamos agindo a seu favor.
Com o amor e gratidão do seu, sempre seu
Fábio Nasser Custódio dos Santos

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