Dilma, Marina e Aécio: para a maioria, Marina venceu o debate na Band
Por: Walter Brito
Os brasileiros de todos os rincões tiveram a oportunidade de ver quem é quem na disputa presidencial, ontem (26), durante o debate ocorrido na TV Bandeirantes e mediado com muita maestria, pelo jornalista Ricardo Boechat.
O argumento dos marqueteiros do PSDB e do PT, de que Marina não tem preparo para administrar o país, caíram por terra ontem, quando a ex-seringueira mostrou competência, conhecimento profundo sobre economia brasileira, sua sensibilidade com a questão social e sua preocupação com a sustentabilidade. Tudo muito equilibrado e discutido de forma democrática e em alto nível com os experientes administradores públicos, Aécio Neves, ex-governador de Minas Gerais e Dilma Rousseff, ex-ministra das Minas e Energia, da Casa Civil e presidenta da República. A ex-seringueira alfabetizada aos 16 anos, mostrou ao país que ela não perdeu tempo quando saiu do seringal e foi para a escola. Marina chegou atrasada ao mundo dos sábios e intelectuais, mas surpreendeu a todos, inclusive ao sociólogo Fernando Henrique Cardoso, que apesar de ser conhecedor profundo do comportamento humano, ele sabe que os 514 anos de mando da “elite branca” é ameaçado de forma efetiva, pela verve afiada da afrodescendente, Marina Silva.
FHC que no passado afirmou aos quatro ventos que é mulatinho e tem um pé na cozinha, sugerindo que o Brasil é um país multirracial, mas o negro ainda não chegou à sala de visitas. Vale lembrar, que apesar da sua pseudo-sensibilidade na questão racial, inclusive, ele teve como seu suplente no Senado, o negro Osvaldo Ribeiro. Entretanto, o tucano não deu oportunidade em seu governo à comunidade negra que derramou o sangue para ajudar a construir o nosso país e, infelizmente não participa de sua administração. O sociólogo nomeou no seu primeiro governo para a pasta dos esportes, o rei Pelé. Claro que não foi por ele ser negro, e sim pelo marketing, pois, o rei é sem dúvidas o ser humano mais conhecido no planeta Terra. Vale lembrar, que Fernando Henrique reconheceu o valor do negão Pelé, quando foi ofuscado por ele no encontro ocorrido no campo do Chelsea, na Inglaterra. O Chelsea é um time de futebol que promove um programa educacional para jovens carentes. Quando Fernando Henrique foi à Inglaterra e convidou seu ministro dos esportes, ele não pensou que se tornaria coadjuvante. Quando os dois chegaram ao Reino Unido, o noticiário da TV para o mundo, via BBC de Londres, mostrou que FHC foi solenemente ignorado pelos súditos de sua majestade, a rainha Elizabeth. Naquela oportunidade, em que o presidente brasileiro visitou a Inglaterra, quando conheceu o então primeiro-ministro, Tony Blair, os jornais do planeta anunciaram em destaque a viajem do ministro Pelé, que tinha como acompanhante o presidente FHC. Voltando ao evento do campo do Chelsea, o jornal The Guardian, noticiou a visita do Pelé enquanto se dizia que FHC havia acompanhado o ministro dos esportes na visita ao Chelsea. Os meninos do time do Chelsea, só queriam tirar fotos com o rei e 90% dos jornalistas só entrevistaram Pelé e, FHC ficou em segundo plano. A partir dali, o cerimonial do Palácio do Planalto, nunca mais permitiu que Pelé acompanhasse o presidente em viagem internacional, pois, corria o risco de FH continuar a ser coadjuvante de Pelé pelo mundo.
Voltando ao assunto Marina, digo que, só citei o caso Pelé, para ilustrar que os afrodescendentes de todo o país perceberam no debate de ontem, que temos uma brasileira que é negra e se preparou para representar todas as etnias no poder, tal qual Barack Obama chegou à Casa Branca. O preparo intelectual do ex-presidente Fernando Henrique, permite que ele alcance com bastante antecedência, o programa de Aécio Neves “Mutirão de Oportunidades”, ou seja: o candidato do PSDB à Presidência, anunciou a criação de mais um programa social, caso seja eleito. O Mutirão de Oportunidades será destinado, segundo ele, a 20 milhões de jovens com idades entre 19 e 29 anos que abandonaram os estudos no ensino fundamental ou médio. O programa do Aécio beneficiará jovens que não tiveram oportunidade na infância, como Marina Silva, que se alfabetizou aos 16 anos. O programa pode perfeitamente se encaixar ao projeto da ex-seringueira no segundo turno e, FHC que é intelectual de proa, já pensou nisso! Nesse sentido, pesquisas indicam que 70% dos eleitores do PSDB migrarão para a campanha de Marina Silva, num possível segundo turno entre ela e Dilma Rousseff.
Antenada com essa realidade, quando a ex-ministra do meio ambiente do governo Lula foi questionada pela filha de Tarso Genro, a presidenciável do PSOL Luciana Genro; no que se refere à presença de tucanos em sua campanha como Walter Feldman, entre outros, quando sugeriu que a pessebista implementaria a política econômica do PSDB em seu governo. A ex-seringueira respondeu na lata: “Em primeiro lugar eu não considero que as conquistas econômicas e sociais dos últimos 20 anos possam ser fulanizadas. Entendo que as conquistas devem ser assimiladas pela sociedade brasileira. A duras penas, o Brasil conseguiu a instabilidade econômica e foi uma contribuição importante do PSDB. Nós assumimos o compromisso de manter o tripé da política macroeconômica. Por outro lado, também temos o compromisso de reconhecer as políticas sociais e, não tenho nenhum problema em dizer que isso se deu no governo Lula. As conquistas sociais devem ser entendidas como um direito. É assim que vamos governar, ou seja, reconhecendo os ganhos alheios, mas, tendo uma atitude de não ter complacência com o erros que são cometidos, inclusive, esse de negligenciar os instrumentos de política macroeconômica, quando a inflação volta. Nesse caso, quem paga o preço é o trabalhador. É importante lembrar, que quando a gente não cresce adequadamente, quem paga o preço é aquele que perde o emprego”, finalizou.
Acreditamos firmemente que o debate contribuiu para que os brasileiros de todos os níveis sociais passassem a definir com maior segurança, qual é de fato o melhor caminho que devemos tomar a partir do dia 05 de outubro. Certamente, a candidata Marina Silva foi a grande novidade e, ao que tudo indica, continuará sendo até a realização do pleito eleitoral. Os votos conquistados ontem via televisão, se somarão à comoção popular com a perda de forma trágica do companheiro de Marina no PSDB, Eduardo Campos. Temos a convicção de que Marina Silva tem reais possibilidades de ir para o segundo turno e vencer as eleições. Não será surpresa a vitória no primeiro turno, pois, no DF ela já tem mais de 50% de intenção de votos. Baseando-se na premissa de que Brasília é um importante laboratório de pesquisa nacional, acredito que o PSDB e o PT devem colocar suas barbas de molho.