Mario Balotelli e Joaquim Barbosa no combate ao racismo

Balotelli e Joaquim Barbosa

Por: Walter Brito

Os filhos de Palermo na Itália e Paracatu no Brasil, Mario Balotelli e Joaquim Barbosa, têm muitas afinidades e podem juntos diminuir o racismo no mundo. Mario Balotelli é filho de imigrantes ganeses e foi adotado pelo casal Italiano Francisco e Silvia Balotelli. Ele é um dos jogadores de maior sucesso internacional que participa da Copa do Mundo no Brasil. Daqui a pouco ele estará em campo na Arena do Amazonas, no jogo entre a Itália e a Inglaterra. Ele é dono de temperamento forte, daqueles que não levam desaforo pra casa. O italiano é determinado e quando quer aprender alguma coisa se dedica integralmente. Foi assim que se tornou um dos maiores batedores de pênaltis do futebol mundial, inspirado no ídolo Diego Maradona. Sem papas na língua ele reagiu quando foi vítima de racismo e alvo de insultos ocorridos em pleno centro de treinamento italiano durante os preparativos para a Copa do Mundo e também quando lhe jogaram bananas, o comparando com macaco. “Seu negro de merda!”, disse um jovem italiano que visitava a seleção nacional. O jogador prometeu não entrar em campo enquanto perdurassem manifestações daquele tipo. Balotelli disse sobre o assunto que, o racismo no mundo não vai acabar, mas pode diminuir. Para isso, ele vai fazer o que puder. Ele é um exímio tocador de piano e recentemente foi aplaudido publicamente ao executar no piano o hino italiano. Ao ser elogiado não se fez de rogado: “Eu sou bom nisso mesmo!”. Por outro lado, Joaquim Barbosa, filho da lavadeira Benedita Barbosa, por meio da determinação chegou a Brasília aos 16 anos para estudar e trabalhar. Foi datilógrafo de um jornal e chegou por méritos à presidência da Suprema Corte brasileira. Tal qual Balotelli, ele também é um craque no piano. E mais, Joaquim Barbosa tem temperamento parecido com o de Balotelli, ou seja, ele também não leva desaforo pra casa. Quando provocado de forma estratégica, racista e sútil por um repórter, ele entendeu o recado e contra-atacou: “Vá chafurdar no lixo como você faz sempre!”. Como Barbosa sabe que a imprensa brasileira é branca e poderosa, além de racista, Barbosa pediu desculpas e disse: “Respondi de forma rígida por estar tomado por cansaço e forte dores” – Barbosa sofre com dores na coluna. Quando foi nomeado para o STF, alguns pensavam que o Supremo teria um negro submisso e subserviente. Quem pensou assim se enganou, pois Barbosa mandou para a cadeia os poderosos: José Dirceu; José Genuíno; João Paulo Cunha; Delúbio Soares; o empresário Marcos Valério e a ex-dona do Banco Rural Katia Rabelo. Sobre o racismo, Barbosa disse certa vez: “O racismo parte da premissa de que alguém é inferior. Na opinião desse o negro é sempre inferior. E dessa pessoa, não se admite sequer que o negro abra a boca. Não sou de abaixar a crista em hipótese alguma”. Vale lembrar que Barbosa já escreveu um livro sobre a questão racial e, após a sua merecida aposentadoria ele deve aceitar fazer palestras pelo mundo sobre o tema.

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